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9 de abril de 2016

MEMÓRIAS DO SUBSOLO - Por Val


(...) Num porão de uma velha casa,, paredes úmidas, um imenso trinco antigo na porta que fiz questão de fechar. Sentei-me à cadeira e me debrucei à mesa de cedro entalhada com motivos florais, fitando aquele trinco e perguntei a eu mesma de quem eu queria isolar-me se ali, ninguém ousaria ir com frequência e a resposta veio como uma força instantânea. Queria me proteger do mundo, da energia dos pensamentos coletivos que o Sistema fabricara para a civilização atual acreditar que a vida feliz se resume a consumismo, trepar e sentir prazer com essas duas coisas.


“Eu sou única e eles são todos”, pensava eu.
Daí se vê que eu ainda era inteiramente criança.


Acendi um cigarro, sentindo a dor de enxergar a parte sombria do meu eu e esta parte se juntou com a outra parte sombria da casa e me senti um todo, parecia que a casa tinha vida agora e curtindo dentro de mim esse lado que todos negam pelo anseio da perfeição e fui me aceitando. Entendi que a ilusão só estava fazendo o mesmo papel das drogas psicotrópicas que psiquiatras prescrevem aos seus pacientes no intuito de suportar a dor...


A casa tomou vida, via beleza no abandono, parecia que as paredes desejavam contar-me o que ouviram durante décadas.(...)

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