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14 de setembro de 2015

SOLIDÃO

Todos sabem que os males são aliviados quando os sofremos em comum. Os homens parecem considerar o tédio como um desses males e, por isso, se reúnem para se entediarem em conjunto. Assim como o amor à vida não é no fundo mais que o medo da morte, assim também o instinto social dos homens não é um sentimento direto. Logo, não se baseia no amor à sociedade, senão no medo da solidão, porque não é exatamente a agradável companhia dos demais aquilo que se busca, mas a fuga da aridez e desolação da solidão, assim como da monotonia das suas próprias consciências, que são desocupadas. Para escapar da solidão, suportamos até má companhia e toleramos o fardo e o sentimento de restrição que toda sociedade necessariamente implica. Se, por outro lado, surge um desgosto disso tudo e, como consequência, surge o hábito da solidão e uma preparação contra a primeira impressão que produz, de modo que não produz os efeitos que descrevemos acima, então se pode tranquilamente estar sempre só e sem suspirar pela sociedade. Isso precisamente porque não é uma necessidade direta e porque, por outro lado, já estaremos acostumados às benéficas virtudes da solidão.


No mesmo sentido, disse Saadi em o Gulistan: Desde então, abandonamos a sociedade e trilhamos o caminho do isolamento. Porque a segurança está na solidão.



Arthur Schopenhauer, in Aforismos Para a Sabedoria de Vida.



Ilustração de Matteo Arfanotti.


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